22
jan
24

Porque meditar?

A resposta é simples, para desfrutar da verdadeira felicidade.

Todos nós sabemos o que é sentir-se feliz. (satisfação)
Já sentimos isso várias vezes.
O problema é que invariavelmente esse sentimento de felicidade não dura, acaba desaparecendo.
Quantas vezes não desejamos obter algo acreditando que aquilo traria a verdadeira felicidade.
Obtendo aquilo que desejamos, o sentimento de felicidade pode ser extremamente intenso e recompensador, mas passado algum tempo já não sentimos mais a mesma coisa e até começamos a ver defeitos naquilo que antes parecia completamente perfeito.
A nossa reação, regra geral, é colocar defeito no objeto.
Ou seja, se aquilo que obtivemos não trouxe a felicidade completa e duradoura é porque não encontramos a coisa certa e assim saímos em busca de alguma outra coisa que seja perfeita e duradoura.
E assim seguimos na nossa busca sem fim.

Mas há uma felicidade que é perfeita e duradoura, que não desaparece e que não depende das circunstâncias.
A verdadeira felicidade está no interior, nas nossas próprias mentes, não pode ser encontrada no mundo, lá fora.
Essa felicidade não é egoísta pois não precisa tomar nada de ninguém e não causa nenhum tipo de dano a ninguém, pois se a nossa felicidade tiver que depender de tomar algo de outras pessoas ou do sofrimento de outras pessoas, elas de alguma forma irão tentar dar um fim nisso.
A felicidade que vem do interior não precisa ter um fim e não precisa tomar nada de ninguém, sendo portanto um ato de sabedoria e um ato de compaixão. Para encontrá-la, o único método possível é a meditação.

Entendendo a mente
A meditação é como uma expedição exploratória no interior das nossas mentes.
Um processo investigatório que tem dois objetivos.
O primeiro é entender como a mente funciona e o segundo é treiná-la.

Entender como a mente funciona significa compreender porque em determinadas situações acabamos agindo ou dizendo coisas que acabam ferindo até mesmo pessoas que queremos muito e a nós mesmos. Coisas das quais acabamos nos arrependendo mais tarde. Ou porque as coisas que obtemos e que nos trazem tanta felicidade, passado algum tempo perdem valor.

Treinar a mente significa deixar de lado aqueles hábitos mentais que acabam produzindo uma felicidade apenas temporária, que prejudicam os outros e a nós mesmos, e que nos afastam da verdadeira felicidade.

Além disso, treinar a mente significa cultivar, desenvolver, aqueles hábitos que irão beneficiar os outros e a nós mesmos e que conduzem à verdadeira felicidade.

O objetivo da meditação não é curar um determinado mal-estar emocional que a pessoa possa estar sentindo, mas sim atacar o problema na sua raiz eliminando as causas que dão origem a todos os tipos de mal-estar mental e que impedem a verdadeira felicidade.

Quantos tipos de meditação existem?

Existem vários tipos de meditação no Budismo, mas para atingir os objetivos descritos acima, há dois tipos de meditação que são os mais adequados.
Uma é a meditação da concentração e a outra é a meditação de insight.
Os dois tipos também são conhecidos como samadhi e vipassana em Pali
(shamatha e vipayshana em Sânscrito).

A meditação da concentração visa acalmar e tranquilizar a mente enquanto que a meditação de insight visa ver as coisas que ocorrem na nossa mente como elas na verdade são.

Para dar um exemplo, imaginemos um lago com águas cristalinas, tão limpas que nos permita ver o fundo, ver as pedras e o cascalho, os peixes nadando.

Agora imaginem a superfície do lago com ondas agitadas pelo vento, seria possível ver até o fundo do lago?
Muito provavelmente não, a superfície do lago tem de estar calma, sem ondas, sem nenhuma agitação.

Assim é como funciona a meditação da concentração, que tem como objetivo aquietar a agitação natural da mente para poder ver melhor o que está acontecendo.

Agora imaginem que a superfície do lago está calma, a pessoa que está olhando é capaz de ver e apreciar aquilo que está na água, agora se essa pessoa tiver conhecimentos de biologia, geologia ou ecologia, ela poderá apreciar aquilo que está vendo num grau muito mais completo e profundo do que uma que não tenha esse tipo de conhecimento.

De modo semelhante com a meditação de insight, que possibilita ao meditador enxergar e entender completa e profundamente aquilo que está ocorrendo na sua mente.

Mas isso também implica que há um certo referencial para a prática da meditação de insight que são exatamente os ensinamentos do Buda sobre a realidade das coisas.

Praticar a meditação de insight sem esse referencial é perda de tempo.
Esse referencial pode ser obtido através do estudo dos ensinamentos Budistas.

Posso meditar sozinho?

Não há nada que impeça alguém de começar a praticar meditação sozinho. É necessário ter um conhecimento razoável dos ensinamentos do Buda e com base nos textos disponíveis sobre meditação é possível ter uma idéia geral sobre como funciona a prática. Havendo oportunidade é recomendável que o meditador tenha o apoio de pessoas mais experientes e que participe de retiros de meditação para obter mais experiência e contar com o auxílio de um professor.

No entanto, há dois obstáculos que são enfrentados por todos os meditadores. Primeiro é a motivação e segundo, como lidar com as dificuldades que surgem.

A meditação como qualquer arte ou esporte requer continuidade na prática. Certo maestro de uma orquestra sinfônica dizia que se um músico da sua orquestra ficasse três dias sem praticar, a audiência perceberia; se ele ficasse dois dias sem praticar, os seus colegas na orquestra perceberiam; e se ele ficasse um dia sem praticar, ele, maestro, perceberia.

Com a meditação é a mesma coisa. É necessário incorporá-la como parte da rotina diária, assim como escovar os dentes ou ir ao banheiro. Para fazer isso, no entanto, é necessário motivação. Num retiro de meditação, onde há um grupo de pessoas e uma rotina de atividades estabelecida, fica mais fácil manter a disciplina. Em casa, sozinho, é muito mais difícil. A pessoa tem de encontrar dentro de si mesma essa motivação. Desenvolver um senso de urgência, (samvega em Pali), é um dos principais fatores que ajuda a estimular a energia para a prática da meditação. Esse senso de urgência é despertado ao
refletirmos sobre as inevitáveis vicissitudes da vida e o sofrimento gerado pelas enfermidades, envelhecimento e morte. O estudo, a leitura de textos Budistas pode servir como fonte de inspiração, e a participação num grupo que medite regularmente também pode ajudar. Ayya Khema dizia que as pessoas com tendência para aversão são aquelas que são motivadas com mais facilidade para a prática, porém são aquelas que provavelmente, pela própria aversão, irão encontrar mais dificuldades.

O segundo aspecto é como lidar com as dificuldades. Não que a meditação seja algo difícil. A meditação em si é muito fácil. As dificuldades são em geral criadas por nós mesmos devido aos hábitos mentais inábeis acumulados durante muito tempo. Isso é o que cria as dificuldades na meditação.

Qualquer prática de meditação terá mais chance de ser bem sucedida se for acompanhada por uma sensação de bem-estar mental. Isso não só cria um fator de estímulo para praticar a meditação, como é também a condição necessária para que a meditação transcorra com menos dificuldades. O objeto de meditação mais recomendado é a respiração, que inclusive foi o que o próprio Buda empregou. A respiração tem a vantagem de ser algo neutro, mas ao mesmo tempo capaz de condicionar a mente e o corpo. Dependendo da forma como a respiração é observada, ou seja, o tipo de atenção e intenção na mente ao observar a respiração, combinado com um ritmo de respiração que seja confortável e agradável, é possível com facilidade criar essa sensação de bem-estar no corpo e na mente. Esse será um bom ponto de partida, ao qual poderemos sempre recorrer.

Além disso é importante, como base para uma meditação bem sucedida, que o meditador observe certas regras de conduta, cujo conteúdo mínimo abarca os cinco preceitos e o ideal, a Ação Correta, a Linguagem Correta e Modo de Vida Correto do Nobre Caminho Óctuplo. A observação dessas regras de conduta visa evitar o remorso e a agitação mental e com isso, contribuir para o ambiente de bem-estar e tranqüilidade da mente.

Mas mesmo tomando todas essas precauções, é inevitável que as dificuldades surjam, e nesse aspecto, uma pessoa mais experiente pode ajudar bastante evitando que o meditador perca tempo em demasia com problemas de fácil solução. Por outro lado, o meditador tem de estar preparado para emoções fortes que podem se encontrar contidas dentro da mente e que devido à prática da meditação encontrem uma forma de vir à tona e assim impossibilitar que a mente se tranquilize. Nesse caso, o mais prudente é descontinuar a prática da meditação até que ele receba instrução adequada de como lidar com esse aspecto da prática, e para isso a ajuda de um meditador mais experiente ou de um professor será necessária, pois se essa emoção for demasiado intensa e perturbadora, a prática da meditação poderá alimentá-la.

No entanto, há algumas dificuldades que o meditador irá enfrentar e para as quais ele mesmo terá de encontrar a solução, pois as experiências das pessoas variam muito e nem sempre um meditador mais experiente, ou um professor, terá uma resposta satisfatória. Mesmo que o professor tenha tido uma experiência semelhante, as soluções para as dificuldades na meditação podem variar de pessoa para pessoa. Nesses casos o meditador terá que agir como seu próprio professor, ser aluno e professor ao mesmo tempo. Para conseguir isso é necessário ser muito observador e estar disposto a fazer experimentos, tentar diferentes alternativas para avaliar o resultado, é dessa forma que o meditador irá conhecer melhor a sua mente. O importante é não ficar frustrado com as dificuldades que forem encontradas, lembrando sempre que a paciência e a equanimidade são qualidades mentais importantes e que são justamente as dificuldades que fazem com que elas amadureçam.

Lembro de uma história do Ajaan Mun, um dos fundadores da tradição de florestas da Tailândia, que no início da sua carreira como monge, perambulando pelas florestas da Tailândia, ao meditar, com a mente concentrada, tinha a visão de um cadáver e não sabia bem o que fazer com aquilo. Ele recorreu ao seu companheiro monge para pedir ajuda mas este foi incapaz de ajudá-lo, pois as suas experiências meditativas eram completamente distintas. Ajaan Mun teve de encontrar a resposta sozinho através da própria perspicácia. Através da sua determinação e esforço Ajaan Mun acabou se convertendo num dos mais renomados mestres de meditação na Tailândia no século XX. Para aqueles que o conheceram Ajaan Mun era um iluminado. A tradição que ele estabeleceu se mantém viva até os dias de hoje, não só na Tailândia, mas em vários monastérios estabelecidos pelos seus discípulos em muitos países da América do Norte, Europa e Oceania.

Uma pessoa com a mente instável,
que não compreende o verdadeiro Dhamma,
que tem convicção hesitante:
a sabedoria não chega à sua plenitude.
Dhammapada 38

fonte: https://www.acessoaoinsight.net/

Trechos do livro: Buda Rebelde

“Depois de algum tempo, o que podemos esperar? Devemos vivenciar menos sofrimento, especialmente em suas formas intensas. As nossas emoções devem, até certo ponto, esfriar e não devemos estar mais totalmente sob o controle de nossos padrões habituais. Então quando paramos para revisar a nossa jornada, esses são os sinais que devemos buscar. Em geral, devemos nos sentir mais curiosos, consciêntes, despertos e presentes.”

As Quatro Incomensuráveis nas Escolas Hinayana, Mahayana e Bon:

  • amor incomensurável (byams-pa, sct. maitri, pali: metta)
  • compaixão incomensurável (snying-rje, sct: karuna, pali: karuna)
  • alegria incomensurável (dga’-ba, sct: mudita, pali: mudita)
  • equanimidade incomensurável (btang-snyoms, sct: upeksha, pali: upekkha).

Um mestre de meditação colocou isso muito claramente. Ele disse que temos uma tendência para ver o que está errado em nós mesmos, mas nunca olhamos para o que está certo em nós mesmos.

A sociedade pode ter valores danosos e destrutios, mas deveríamos tentar cultivar essas virtudes, esses valores que podem ser o contrário ao que está acontecendo na sociedade.

É por isso que a meditação é comparada a ir correnteza acima, o que não é fácil; a maioria das pessoas apenas segue a correnteza. Então, viver numa sociedade onde essas coisas negativas são proeminentes, onde se dá poder a elas, isso não é fácil de fazer, é difícil, mas é aí que temos de fazer o esforço.

Um psicólogo do ocidente disse que quando duas pessoas se encontram, há seis pessoas.

Há duas pessoas reais, e quatro imaginárias: quem você pensa que é e quem você pensa que a outra pessoa é; quem a outra pessoa pensa que é e quem ela pensa que você é.

Às vezes, quando há conflitos, na verdade são as imagens que estão em conflito, mas o que as pessoas realmente são é outra história. Por isso, com meditação, com consciência você compreende esse processo de que, quando há conflito, ele é o resultado da imagem que você tem da outra pessoa.

11
jan
24

Autobiografia em 5 capítulos

1-Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio.
Estou perdido… sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2-Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.

3-Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio… é um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.

4-Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.

5-Ando por outra rua.

No “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”, o lama Sogyal Rinpoche diz que caímos com frequência em arraigados padrões repetitivos de comportamento e começamos a nos ansiar por nos livrar deles. “Podemos, é claro, recair neles muitas e muitas vezes, mas lentamente saímos deles até a mudança acontecer.” Para mudar padrões repetitivos, provavelmente seja necessário um período de retiro e de profunda contemplação.

27
nov
23

A obsolescência do homem-Günther Anders 1956

Para abafar antecipadamente qualquer revolta, não se deve usar a violência.

Métodos como os usados ​​por Hitler estão ultrapassados.

Basta desenvolver um condicionamento coletivo tão poderoso que a própria ideia de revolta nem passará pela cabeça das pessoas.

O ideal seria formatar os indivíduos desde o nascimento limitando as suas habilidades biológicas inatas…

Então, continuaríamos o processo de condicionamento, reduzindo drasticamente a educação para trazê-la de volta a uma forma de integração no mundo do trabalho.

Um indivíduo sem instrução tem apenas um horizonte limitado de pensamento, e quanto mais os seus pensamentos estiverem confinados a preocupações materiais medíocres, menos ele poderá rebelar-se.

O acesso ao conhecimento deve ser cada vez mais difícil e elitista.
O abismo entre as pessoas e a ciência deve ser ampliado.

Todo o conteúdo subversivo deve ser removido das informações destinadas ao público em geral.
Acima de tudo a filosofia não deve existir.

Uma vez mais, há que usar a persuasão e não a violência direta: transmitir-se-á maciçamente, através da televisão, entretenimento imbecil, lisonjeando sempre o emocional, o instintivo.

Vamos ocupar as mentes com o que é fútil e lúdico.
É bom ocupar a mente com conversa fiada e música incessante, para evitar que a mente se interrogue, pense, reflita.

A sexualidade estará no topo dos interesses humanos. Como anestesia social, não há nada melhor.

No geral, assegurar-nos em banir a importância da existência, transformar em escárnio tudo o que tem um valor elevado e manter um constante elogio à frivolidade; de modo que a euforia da publicidade, do consumo se tornem o padrão da felicidade humana e o modelo da liberdade.

Deste modo, o condicionamento produzirá tal integração, que o único medo (que será necessário manter) será o de ser excluído do sistema e, portanto, de não poder mais ter acesso às condições materiais necessárias para a felicidade.

O homem massificado, produzido dessa maneira, deve ser tratado como o que é: um bezerro, e deve ser vigiado de perto, como um rebanho deve ser.

Tudo o que mitiga a sua lucidez é bom socialmente, e tudo o que pode despertá-la deve ser ridicularizado, sufocado e combatido.

Qualquer doutrina que questione o sistema, primeiro, deve ser designada como subversiva e terrorista, e em seguida, aqueles que a apoiam devem ser tratados como tal.

31
maio
22

A ilusão do poder de possuir – sequestro da lua

Baseado na letra da musica: The Thief and The Moon de Shawn James, descobri essa preciosa história Zen:

Um Mestre Zen viveu o tipo mais simples de vida em uma pequena cabana no sopé de uma montanha. Uma noite, enquanto ele estava fora, um ladrão entrou furtivamente na cabana apenas para descobrir que não havia nada para roubar. O Mestre Zen voltou e o encontrou. “Você veio de muito longe para me visitar”, disse ele ao assaltante, “e não deve voltar de mãos vazias. Por favor, leve minhas roupas como presente.” O ladrão ficou perplexo, mas pegou as roupas e fugiu. O Mestre sentou-se nu, observando a lua. “Coitado”, ele meditou, “eu gostaria de poder dar a ele esta linda lua.”

“Primeiro, seja grato a todos: talvez porque o Mestre estava antes distraído com seus pertences materiais, ele nunca percebeu a beleza ao seu redor. O ladrão de fato deu ao Mestre através de seu roubo e talvez tenha perdido a visão da Lua. Além disso, a beleza da natureza está disponível para todos – de graça e para sempre, e esquecemos isso quando somos apanhados no deslumbramento de nossa sociedade comercial.”

“O mestre Zen não era apegado a quaisquer bens materiais. sem pensar duas vezes. O que ele gostaria de dar ao ladrão não era nada material, mas sua apreciação da natureza ou iluminação.”

“O ladrão é pobre porque não entende o que tem valor nesta vida e o que não tem. O Mestre Zen é rico porque está contente. A lua, eu acho, é um símbolo desse contentamento e paz.”

“Isso me lembra o vigário em Os Miseráveis ​​que diz ao ladrão que dar a ele o que o ladrão tentou roubar significa que o ladrão agora pertence a Deus. A roupa é apenas uma coisa, o que não significa nada para o mestre Zen, então ele remove a desonra do ato do ladrão dando-lhe algo. Acho que a lua representa a conexão espiritual interna do mestre, que é algo que ele não pode dar; está lá para todos que o procuram. O mestre Zen percebe que não pode apenas dar espiritualidade afastado, como tentou o vigário em Os Miseráveis. No judaísmo, há o impulso do mal e o impulso do bem em todos os homens, e resistir ao impulso do mal requer uma participação ativa na busca através da oração e do estudo, de modo que a diferença entre os impulsos bons e maus torna-se óbvio.O Mestre Zen estava agindo com bondade amorosa, que é um elemento de todas as grandes religiões (infelizmente, nem sempre é praticado).

“As coisas materiais não significam nada… isso não é sabedoria que pode ser roubada, nem pode ser dada facilmente.”

“É uma bela história. Minhas interpretações são as seguintes: (1) Talvez o mestre Zen queira dar a lua, pois se o ladrão tivesse a lua, ele poderia usá-la enquanto estivesse no trabalho à noite. Portanto, isso implicaria que devemos tentar dar coisas a outras pessoas depois de pensar no que pode ser útil para elas, e não apenas por dar, a menos que (como neste caso) não tenhamos uma escolha ou chance, (2) A segunda interpretação poderia seja que quando você dá, você deve dar com todo o seu coração, o melhor que você pode. a lua neste caso, (3) Talvez o mestre Zen esteja falando de iluminar o ladrão, e dar a lua significa trazer de luz em suas noites negras… talvez você escolha :))

“O mestre dá ao ladrão o máximo que ele pode dar materialmente. A única coisa que ele não pode dar ao ladrão é o que ele mais precisa; sua própria natureza verdadeira. A lua representa nossa própria natureza verdadeira. O gesto do mestre representa sua atitude para com os não-iluminados. Não os despreza, não odeia os inimigos; está além da animosidade trazida pelos apegos e pelo materialismo. O gesto também é um exemplo disso.”

“As coisas materiais são boas, mas passageiras, a compreensão das coisas matrimoniais é para sempre.”

“O Mestre e o ladrão andavam sob a mesma lua, mas o ladrão não podia conhecer a paz que o mestre guardava dentro dele. Então suas luas eram, de fato, diferentes. Ele só dava aos pobres.”

“Eu olho para esta história da maneira que o Mestre Zen reconhece que o ladrão entrou para roubar alguma coisa, o Mestre Zen é iluminado não apenas em perdoar o ladrão por invadir e invadir seu espaço pessoal, mas também faz um ato maior ao como a sensação de realização que o Mestre Zen recebe da lua, não há nada como a realização emocional de atos de bondade para com o outro e ter a força de perdoar os outros pelos erros cometidos contra você.”

“A maioria dessas histórias retrata um mestre mais sábio que sabe o que é realmente importante. Aqui, o mestre sente pena do ladrão, é doloroso para o mestre que o ladrão não possa apreciar o que é fornecido gratuitamente por todas as coisas. Doloroso o suficiente para o mestre para dar à pobre alma suas roupas.”

“Esta é uma história não do poder de posse, mas do poder de possuir. O mestre zen tem a capacidade de dar algo para quem não tem a capacidade de adquirir o que ele tem. Se o mestre zen pudesse adquirir a lua entregá-la aumentaria seu poder de possuir. Isso conotaria uma hierarquia distinguindo quem tem a capacidade de possuir, mas se o mestre zen pudesse dar a lua, seu poder de possuir dissolveria qualquer hierarquia. Em última análise, o poder de possuir é a ruína da humanidade porque leva à falsa crença de que há poder na posse.

“O mestre zen sente pena do ladrão cujo contentamento está apenas nas posses materiais e não em apreciar as posses inestimáveis ​​que ele já possui… como a lua.”

“Ao sentar e observar a lua, o mestre zen percebeu algo sobre si mesmo, que Ele fez o que lhe deu mais felicidade – dando ao ladrão algo que lhe deu felicidade. que me dá tanta felicidade certamente me dará mais felicidade quando eu a der a quem anseia pelos bens dos outros.”

“O mestre zen senta-se nu aproveitando a vida ao luar; ele não se preocupa com o amanhã, quando o sol pode queimar sua pele ou quando outras pessoas podem ficar perplexas com sua nudez. Ele não se preocupa consigo mesmo porque não tem eu. parecia estar preocupado com o eu do ladrão. Ele talvez “superou” o ladrão com sua magnanimidade superior? Por que ele assume que o ladrão não pode desfrutar da lua? Seu zen é zen de atitude correta ou realmente não é mente? “

“O mestre zen não tem nada e, no entanto, não há nada que ele não tenha.”

“O mestre zen encontrou um modo de vida que o mantém contente, é uma vida simples, mas ele está feliz. Há pessoas que ainda estão procurando. O mestre zen deseja que ele possa passar essa iluminação que encontrou para os outros. Em uma nota pessoal – estou com ciúmes do mestre zen e ainda estou tentando encontrar meu modo de vida.”

O fluxo desse pensamento se iniciou com a música:

The Thief and The Moon

Disse o Ladrão à Lua
Said the Thief to the Moon

“Eu vou apagar sua luz em breve
“I’ll extinguish your light soon

Eu vou acabar com toda a luz que você derramou
I’ll put an end to all the light that you shed

Neste mundo em seu estado escuro”
On this world in its darkened state”

Disse a Lua ao Ladrão
Said the Moon to the Thief

“Você não sabe o que você procura
“You know not of what you seek

Você condenará o mundo a vagar pela noite
You’ll doom the world to wander the night

Sem luz para guiar os caminhos que os homens procuram”
With no light to guide the paths that men seek”

“Ah, mas toda a riqueza do mundo será minha
“Oh, but all the wealth in the world will be mine

Sem meios de defesa para todos os cegos
Without a means of defense for all those blind

Minha própria existência é uma corrida para alcançar a riqueza
My very existence is a race to attain wealth

Pois a única lealdade do ladrão na vida é ao diabo e a si mesmo”
For the thief’s only loyalty’s in life is to the devil and himself”

“A terra se levantará e devorará tudo o que você é
“The earth will rise up and devour all that you are

Os céus chamam tempestades estrondosas de longe
The skies call forth thunderous storms from afar

Quando você estiver morto não haverá túmulo para lembrar seu nome
When you’re dead there will be no grave to remember your name

Pois sua ganância traz seu fim e não há ninguém além de você para culpar”
For your greed brings your end and there’s no one but yourself to blame”

http://users.rider.edu/~suler/zenstory/moon.html

19
abr
22

ESPERANDO PELO SUPER HOMEM (2010)

“Um filme que todo o pai ou educador (ou burocrata da educação) deveria assistir.
O sistema público de ensino nos EUA está a pique, gerações inteiras irão se perder. Crianças sendo afastadas de oportunidades de vida, ficando vulneráveis ao que uma existência sem estudos pode acarretar.
O documentário mostra que a receita para mudar os péssimos resultados das escolas públicas é simples: maior carga horária, mais salas de aulas por alunos, mais motivação aos professores. Mas apesar de ser simples, tem-se que lutar contra o sistema…
Há grandes exemplos dos que desafiaram esse sistema em locais onde o nível de aprendizado o mais baixo da região, onde era quase impossível levar algum aluno à Universidade, conseguiu-se que mais de 90% dos seus alunos conseguissem esse feito.”



No momento em que governo do Brasil troca pela 5ª vez o ministro da educação, esse documentário vem bem a calhar.

“Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios” disse o antropólogo Darcy Ribeiro em 1982

04
abr
22

Deste modo ou daquele modo – Alberto Caeiro

Deste modo ou daquele modo.
Conforme calha ou não calha.
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.

Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à idéia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras

Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu
, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.

E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.

Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos.

24
mar
22

ALÉM DO MATERIALISMO ESPIRITUAL

“Se a nossa verdadeira condição é um estado desperto, por que nos ocupamos tanto em evitar que tomemos consciência disso?”


Porque estamos tão imersos em nossa confusa visão do mundo que consideramos real o único mundo possível. Essa luta por manter o senso de um eu sólido e contínuo é obra do ego.

Uma interessante metáfora empregada no Budismo tibetano para descrever o funcionamento do ego é a dos ‘Três Senhores do Materialismo”: o “Senhor da Forma“, o “Senhor da Fala“, e o “Senhor da Mente“.

O Senhor da Forma refere-se à perseguição neurótica do conforto físico, da segurança e do prazer. Nossa sociedade altamente organizada e tecnológica reflete nossa preocupação em manipular o ambiente físico de modo a nos salvaguardar das irritações provenientes dos aspectos crus, rudes e imprevisíveis da vida. Elevadores acionados por botões de comando, carne empacotada, ar condicionado, privadas com descarga de água, velórios particulares, planos de aposentadoria, produção em massa, satélites meteorológicos, máquinas de terraplenagem, luzes fluorescentes, empregos das nove às cinco, televisão — tudo são tentativas de criar um mundo controlável, seguro, previsível e prazeroso.

O Senhor da Forma não significa as situações de vida em si que criamos para serem fisicamente ricas e seguras. Refere-se, antes, à preocupação neurótica que nos impele a criá-las, a tentar controlar a Natureza. O ego ambiciona assegurar-se e entreter-se, buscando evitar toda e qualquer irritação. Desse modo, agarramo-nos aos nossos prazeres e propriedades, tememos mudanças ou forçamos mudanças, tentamos criar um ninho ou um playground.

O Senhor da Fala tem a ver com o emprego do intelecto no relacionamento com o mundo. Adotamos grupos de categorias que servem como alavancas, como meios para manipular fenômenos. Os produtos mais plenamente desenvolvidos dessa tendência são as ideologias, os sistemas de ideias que racionalizam, justificam e santificam nossas vidas. Nacionalismo, comunismo, existencialismo, Cristianismo, Budismo — todos nos proporcionam identidades, regras de ação e interpretações de como e por que as coisas acontecem como acontecem.

Aqui, novamente, o emprego do intelecto não é em si mesmo o Senhor da Fala. O Senhor da Fala indica a inclinação do ego a interpretar o que quer que seja ameaçador ou irritante de modo a neutralizar a ameaça ou transformá-la em algo “positivo” do ponto de vista do ego. O Senhor da Fala refere-se ao uso de conceitos como filtros que nos resguardam de uma percepção direta do que é. Os conceitos são levados demasiado a sério; são utilizados como instrumentos para solidificar o nosso mundo e a nós mesmos. Se existe um mundo com coisas a que se possa dar nomes, então o “eu”, como uma das coisas nomeáveis, também existe. Nosso desejo é não deixar espaço algum para dúvidas ameaçadoras, para a incerteza ou a confusão.

O Senhor da Mente refere-se ao esforço da consciência em conservar a percepção de si mesma.
O Senhor da Mente impera quando usamos disciplinas espirituais e psicológicas como meios de conservar a consciência que temos de nós mesmos, de nos agarrar ao senso de eu. Drogas, ioga, orações, meditação, transes, várias psicoterapias — tudo pode ser usado com essa finalidade.

O ego é capaz de converter tudo para seu uso próprio, inclusive a espiritualidade.
Se aprendemos, por exemplo, uma técnica de meditação dentro de uma prática espiritual particularmente benéfica, o ego se põe, primeiro, a tratá-la
como um objeto de fascinação e, depois, a examiná-la.
Por fim, visto que o ego é sólido apenas na aparência e não pode, de fato, absorver coisa alguma; só é capaz de arremedar.
Em tais circunstâncias, ele procura examinar e imitar a prática da meditação e o modo de vida meditativo.
Depois de aprendermos todos os truques e todas as respostas do jogo espiritual, tentamos imitar automaticamente a espiritualidade, já que o envolvimento verdadeiro exigiria uma completa eliminação do ego, e a última coisa que desejamos fazer é renunciar completamente a ele.
Entretanto, não podemos experimentar aquilo que estamos tentando imitar; podemos apenas encontrar alguma área dentro dos limites do ego que
pareça ser a mesma coisa.
O ego traduz tudo em termos do seu próprio estado de saúde, de suas qualidades intrínsecas.
Experimenta um sentido de grande realização e excitação quando consegue criar um modelo desse tipo.
Finalmente criou um feito tangível, uma confirmação de sua própria individualidade.

Se formos bem-sucedidos em manter a consciência que temos de nós mesmos através de técnicas espirituais, o desenvolvimento espiritual autêntico será altamente improvável.
Nossos hábitos mentais se tomam tão fortes que fica difícil penetrá-los.
Podemos até chegar ao desenvolvimento totalmente demoníaco da completa “Egoidade”.


Embora o Senhor da Mente detenha o maior poder para subverter a espiritualidade, os outros dois Senhores podem também reger a prática espiritual.
O retiro no seio da Natureza, o isolamento, a gente simples, sossegada, digna — tudo pode ser meio para nos proteger da irritação, tudo pode ser expressão do Senhor da Forma. Ou talvez a religião nos forneça uma racionalização para criarmos um ninho seguro, um lar singelo mas confortável, para conseguirmos um companheiro afável e um emprego estável e fácil

O Senhor da Fala também se envolve com a prática espiritual. Ao seguir um caminho espiritual, podemos substituir nossas crenças anteriores por uma nova ideologia religiosa, continuando, porém, a usá-la da antiga maneira neurótica. Por mais sublimes que sejam nossas idéias, se as tomamos com excessiva seriedade e as utilizamos para manter nosso ego, ainda assim estaremos sendo governados pelo Senhor da Fala.

Se examinarmos nossos atos, quase todos concordaremos, provavelmente, em que somos governados por um ou mais dos Três Senhores. “Mas”, poderíamos perguntar, “e daí? Isto é simplesmente uma descrição da condição humana.
Sim, sabemos que a tecnologia não consegue pôr-nos a salvo de guerras, crimes, doenças, insegurança econômica,trabalho laborioso, velhice e morte; tampouco nossas ideologias nos resguardam da dúvida, incerteza, confusão e desorientação; nem podem as nossas terapias proteger-nos da dissolução dos altos estados de consciência que viermos temporariamente a alcançar ou da desilusão e angústia daí decorrentes.
Mas que outra coisa podemos fazer? Os Três Senhores parecem poderosos demais para serem derrubados e não sabemos com que poderíamos substituí-los.”

Perturbado por essas indagações, o Buda examinou o processo pelo qual os Três Senhores governam.
Investigou por que nossas mentes os seguem e se não havia um outro caminho.
Descobriu que os Três Senhores nos seduzem criando um mito fundamental: o de que somos seres concretos. Todavia, o mito, em última análise, é falso, uma imensa burla, uma fraude gigantesca, a raiz do nosso sofrimento. Para fazer essa descoberta, ele precisou romper as defesas muito complexas erguidas pelos Três Senhores, com o fim de impedir que seus súditos descobrissem o engano fundamental que é a origem do poder deles.
Não poderemos, de maneira alguma, livrar-nos do domínio dos Três Senhores a menos que nós, também, cortemos e atravessemos, camada por camada, as suas complexas defesas.

As defesas dos Senhores são criadas com material das nossas mentes, que eles utilizam para preservar o mito básico da solidez. A fim de enxergar por nós mesmos como este processo funciona, precisamos examinar nossa própria experiência. “Mas como,” podemos perguntar, “haveremos de conduzir este exame ? Que método ou instrumento vamos usar?”


O método descoberto pelo Buda foi a meditação. Ele verificou que lutar para encontrar respostas não surtia efeito. Só quando havia brechas na sua luta é que lhe acudiam discernimentos.
Começou a dar-se conta de que existia dentro de si uma qualidade sadia e desperta que só se manifestava na ausência de luta. Por isso, a prática da meditação implica “deixar ser”.

Há uma história sobre o Buda em que se conta como ele, de uma feita, transmitiu ensinamento a um famoso tocador de citara que desejava estudar meditação.

Perguntou o músico: “Devo controlar minha mente ou devo deixá-la completamente solta?”
O Buda respondeu: “Visto que você é um grande músico, diga-me como afinaria as cordas do seu instrumento.”
Disse o músico: “Eu não as deixaria ficar nem demasiado retesadas nem demasiado frouxas.”
“Da mesma forma,” acudiu o Buda, “na sua prática da meditação você não deve impor nada com demasiada força à sua mente, nem deve permitir que fique ao leu.” Eis aí o ensinamento de como deixar a mente ser de um modo bastante aberto, de como sentir o fluxo da energia sem tentar sujeitá-lo e sem deixar que ele se descontrole, de como acompanhar o padrão da energia da mente. Essa é a prática da meditação.

Tal prática se faz necessária, via de regra, porque o padrão do nosso pensamento, o nosso modo conceitualizado de conduzir a vida, ou é demasiado manipulativo, impondo-se ao mundo, ou completamente desgovernado e sem controle.


Por conseguinte, nossa prática da meditação precisa começar com a camada mais superficial do ego, com os pensamentos discursivos que estão sempre a atravessar-nos a mente, com a nossa tagarelice mental.
Os Senhores empregam o pensamento discursivo como a sua primeira linha de defesa, como peões, em seu esforço para iludir-nos.

Quanto mais geramos pensamentos, tanto mais ocupados nos tornamos mentalmente e tanto mais nos convencemos da nossa existência.
Desse modo, os Senhores estão constantemente tentando ativar esses pensamentos, tentando criar uma constante sobreposição de pensamentos, para que nada mais se possa ver além deles.

Na verdadeira meditação não existe a ambição de suscitar pensamentos, e tampouco existe a ambição de suprimi-los. Permite-se apenas que ocorram espontaneamente e se tomem a expressão de uma sanidade básica. Eles se tomam a expressão da precisão e da clareza do estado desperto da mente.

Na ausência de pensamentos e emoções, os Senhores introduzem uma arma ainda mais poderosa, os conceitos.
A rotulação dos fenômenos cria a sensação de um mundo sólido e definido de “coisas”. Um mundo estável reassegura que somos, igualmente, uma coisa sólida e contínua. O mundo existe e, portanto, eu, que o percebo, também existo. A meditação implica ver a transparência dos conceitos, de sorte que a rotulação já não serve como meio de solidificar o nosso mundo e a nossa imagem do eu. A rotulação passa a ser, simples mente, ato de discriminação.

Mediante o exame dos seus próprios pensamentos, emoções, conceitos e demais atividades mentais, o Buda descobriu que não precisamos lutar para provar nessa existência, não precisamos ficar sujeitos ao jugo dos Três Senhores do Materialismo. Não há necessidade de lutar para sermos livres; a ausência de luta, em si mesma, é liberdade.

As armadilhas do Ego

Se você pensa que é mais “espiritual” ir de bicicleta para o trabalho ou usar transporte público mas se pega julgando todos que usam carro então você está numa armadilha do Ego.

Se você acha que é mais “espiritual” parar de ver televisão porque ela deteriora seu cérebro, mas se pega julgando todos que assistem TV então você está numa armadilha do Ego.

Se você acha que é mais “espiritual” evitar ler sobre fofocas, notícias violentas e fúteis e então se pega julgando aqueles que fazem então você está numa armadilha do Ego.

Se você acha que é mais “espiritual” escutar música clássica ou os sons da natureza em músicas da Nova Era, mas julga as pessoas que escutam música pop então está numa armadilha do Ego.

Se você acha mais “espiritual” ser vegetariano, fazer yoga, meditar, comer somente orgânicos, praticar Reiki, só ler livros sobre a tal Iluminação, mas se pega julgando as outras pessoas que não fazem nada disso então você está numa armadilha do Ego.

Todo sentimento de superioridade em qualquer nível é uma armadilha do Ego. Superioridade, julgamento e condenações, tudo uma grande e bem elaborada armadilha do Ego.

(Mooji)

Tenho respostas aproximadas e crenças possíveis em diferentes graus de certeza sobre coisas diferentes, mas não tenho certeza absoluta de nada.

Richard Feynman

15
mar
22

Conde von Count 

Conde von Count (conhecido simplesmente como o Conde ) é um misterioso, mas amigável, Muppet Vampiro no programa de televisão infantil da Vila Sésamo, que pretende parodiar o retrato de Conde Drácula de Bela Lugosi.
Ele apareceu pela primeira vez no programa na estréia da 4ª temporada em 1972, contando blocos em um esboço com Bert e Ernie.

O principal papel do Conde é ensinar habilidades de contagem às crianças. O Conde adora contar tanto (como disse em sua saudação de assinatura, “Eles me chamam de contagem porque eu amo contar coisas.”)

O Conde pode ocasionalmente perder a paciência se for interrompido enquanto conta, ou se sentir triste quando não há nada por perto para ele contar. Mas, além disso, ele é tipicamente retratado como amigável e alegre. Uma vez que ele atinge o número total de seu item alvo para contar, tempestades rolam (mesmo dentro de casa) enquanto ri seu icônico “Ah-Ah-Ah!”

O Conde tem uma nuvem pessoal pairando sobre ele, que é a possibilidade da fonte de seus trovões e relâmpagos.
Alguns moradores ficaram incomodados com ela em alguns episódios, ex: “Quem roubou o trovão do conde?”

Durante uma entrevista com Tim Harford, o conde disse que seu número favorito é 34.969.
O Conde foi citado dizendo: “É uma coisa de raiz quadrada.”: 34.969 é um quadrado perfeito , sendo 187².

Toby Lewis observou que 187 é o número total de pontos nas peças de um jogo de Scrabble, especulando que o Conde poderia tê-los contado.

David Lees notou que 187 é o produto de dois primos – 11 e 17 – o que torna 34.969 um número muito bom, sendo 11 ao quadrado vezes 17 ao quadrado. O que, ele perguntou, poderia ser mais adorável?

E Simon Philips calculou que 187 é 94 ao quadrado menos 93 ao quadrado – e é claro que 187 também é 94 mais 93 (embora isso seja verdade para quaisquer dois números consecutivos, como o leitor Lynn Wragg apontou). Um embaraço de riquezas!

O aritmomaníaco da Transilvânia da Vila Sésamo.

11
mar
22

Kafka e a Boneca Viajante

Um ano antes de sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular. Passeando pelo parque em Berlim, encontrou uma menina chorando porque havia perdido sua boneca. Para acalmar a garotinha, inventou uma história – a boneca não estava perdida, mas viajara, e ele, um ‘carteiro de bonecas’, tinha uma carta em seu poder que lhe entregaria no dia seguinte. Naquela noite, ele escreveu a primeira de muitas cartas que, durante três semanas, entregou pontualmente à menina, narrando as peripécias da boneca vividas em todos os cantos do mundo.

Durante anos, Klaus Wagenbach, um estudioso de Kafka, procurou a menina pela região próxima ao parque, investigou com os vizinhos, colocou anúncio nos jornais, mas nunca conseguiu encontrar a pista da menina ou dos originais das cartas. Segundo Dora Dymant, sua última companheira, Kafka se envolveu com tanta seriedade na tarefa de consolar a pequena Elsi como se escrevesse mais um de seus romances ou contos que nunca foram publicados em vida. Toda essa inusitada situação, verdadeira ou não, acabou inspirando Jordi Sierra a escrever este livro e inventar as supostas cartas, criando desta forma um final imaginário para esta estranha e bela história.

O livro é dividido em quatro partes: primeira ilusão: a boneca perdida – quando Kafka encontra a menina chorando no parque; segunda fantasia: as cartas de Brígida – quando se torna o carteiro de bonecas, e passa a escrever as cartas da então boneca perdida que se tornou viajante; terceira ilusão: o longo percurso da boneca viajante – quando começam as cartas de despedida da boneca; quarto sorriso: o presente – quando há a aceitação e superação da perda.

“[…] você deve saber que viver é seguir sempre em frente, aproveitar cada momento, cada oportunidade e cada necessidade. Você também vai fazer a mesma coisa daqui a alguns anos. As pessoas e as bonecas são feitas de sentimentos e emoções que é preciso ir usando aos poucos. São nossa energia vital. Depois desses anos a seu lado, sou a boneca mais feliz que existe, cheia de energia. Quero que fique contente, e muito, porque tudo que sou devo a você. Você cuidou de mim, me ensinou muitas coisas, me amou e me fez ser uma boa boneca. Agora que me preparo para iniciar uma nova vida, a partida foi triste por deixá-la, mas bonita porque graças a você sou livre para fazer isso.”

“… quanto a mim, seria incapaz de matar um leão ou um elefante. Totalmente incapaz. Para que destruir uma vida? Esses animais selvagens são tão lindos, Elsi. Tão lindos e nobres em sua liberdade. A natureza é tão pródiga com seus filhos. Às vezes percebo que o mundo é o lugar mais bonito que existe, e vejo a imensa sorte que temos de viver nele…”

“Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em uma forma diferente”

fonte:

07
fev
22

“Tudo que é Sólido Desmancha no Ar”! – Marshall Berman

O Fluxo de pensamento começou quando assisti o filme “O jogador número 1” e o personagem do avatar Art3mis aparece com uma camiseta do Joy Divison. Já tinha ouvido algumas músicas da banda, mas nunca me interessei em investigar a capa do disco que influenciou tantas gerações.

E ao assistir o documentário da banda me deparei com a citação do Manifesto de Marx.

“todas as relações fixas,enrijecidas, com seu travo de antiguidade e veneráveis preconceitos e opiniões, foram banidas;todas as novas relações se tornam antiquadas antes que cheguem a se ossificar. Tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profano, e os homens finalmente são levados a enfrentar friamente sua posição social e suas relações mútuas” (Marx apud Berman, 1998, pg.20).

Citação essa que demonstra a admiração do Ian pelo escritor.

Here Are All the References In Ready Player One
cp1919 | Cultura general, Matando
Capa Álbum Unknown Pleasures  “Pulsos sucessivos do primeiro pulsar descoberto, CP 1919, estão aqui superpostos verticalmente. 
Os pulsos ocorrem a cada 1,337 segundos. Eles são causados ​​por estrelas de nêutrons girando rapidamente.” 
Cambridge Encyclopaedia of Astronomy.



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